Sempre pensei que casamento fosse a celebração do amor real entre duas pessoas. Uma comemoração que enche os noivos de alegria, serenidade e paz. Porém, meu antigo conceito de casamento - leia-se o evento casamento - vem sendo esbofeteado pelas minhas próprias amigas. O casamento hoje, me parece mais uma epidemia.
Vejo as meninas insandecidas e estressadas. Loucas da vida porque não encontram a forminha perfeita para o docinho caríssimo. Vejo uma precisão cirúrgica na escolha das fitinhas dos imprescindíveis bem-casados. Vejo os casamentos acontecendo em blocos e sendo fabricados na mesma forma. Seria esse o fenômeno da industrialização dos casamentos? Sim, pois existe uma indústria que conta com cerca de 30 segmentos, envolvidos na preparação e realização de um casamento.
As coisas vão tomando uma dimensão tão grande, com listas de convidados monstruosas, cheias de gente que nem se importa com o que está sendo celebrado, de comadres que comparecem para dar nota na decoração, no vestido e na qualidade da comida servida. Tudo fica desfocado. Desfocado do objeto principal. Desfocado do sentimento que iniciou tudo aquilo.
E o noivo? O noivo vira mais um detalhe que tem que ser organizado. Suas vestes, seu cabelo e seu sorriso são bem pensados e ensaiados para que as fotos fiquem mais lindas do que as do casamento anterior. Para que as fotos demonstrem que lá no fundo, depois de todo o dinheiro gasto, os convites espalhados e a energia investida ainda há felicidade na realização da super festa.
Não sou contra as festas de casamentos. De maneira alguma. Sou contra a pressão de produzir um show que incorpora tudo que havia nos casamentos anteriores e ainda tenta acrescentar algo "diferente". Sou contra os casamentos que arrastam multidões e descaracterizam a intimidade deste momento. E acima de tudo, sou contra os casamentos que transformam minhas queridas amigas em loucas bridezillas. Aquelas com cara de alucinadas e com sorridos forçados, exaustas de comer alface o mês inteiro, tensas com a super produção e o posicionamento das cameras e que nem se lembram o que, e com quem, conversaram durante o suposto encontro de amigos e familiares.